top of page

Do diagnóstico à quadra: Isaac, 12 anos, transforma o badminton em potência de inclusão

Atualizado: há 3 dias

ree

Atleta paralímpico de badminton, Isaac Nascimento, de 12 anos, nasceu com acondroplasia, a forma mais comum de nanismo. Estudante do Centro Educacional Torres Filho, em São Gonçalo (RJ), ele competiu na categoria SH6, destinada a pessoas com baixa estatura, no Intercolegial — evento que reuniu 170 escolas em diversas modalidades esportivas. Esta edição marcou o primeiro ano da inclusão do badminton e, também, das provas paralímpicas na competição.


Isaac é o primeiro caso de acondroplasia na família. Sua mãe, Raquel Nascimento, relembra que a gestação ocorreu dentro da normalidade e que todas as ultrassonografias indicavam crescimento adequado. Apenas no último exame, perto do parto, surgiu o indicativo de ossos longos mais curtos. “Com menos de um mês para ele nascer, eu não fazia ideia do que aquilo poderia significar.”


ree


Diagnostico tardio


Após o nascimento, nenhum diagnóstico foi mencionado. Aos dois meses, um pediatra levantou a possibilidade de nanismo, mas pediu tempo para observar o desenvolvimento. Outros profissionais minimizaram a suspeita, dizendo que se tratava de “alguns centímetros a menos” ou que a idade óssea estava dentro do esperado — o que aumentou ainda mais a angústia da família.


Quando Isaac se aproximava de um ano, Raquel buscou um geneticista, mas deixou o consultório sem respostas conclusivas. “Ele disse que o Isaac demoraria para andar, teria atraso na fala, dentição torta… Saí arrasada, mas ainda sem diagnóstico.”


A confirmação só chegou quando o menino completou 9 anos, após um encontro inesperado mediado pelas redes sociais. Isaac enviou uma mensagem ao influenciador e ativista Fernando Vigui, que o convidou para o grupo da Annabra. Lá, outra mãe mencionou o congresso sobre nanismo no Museu do Amanhã. Mesmo com as inscrições encerradas, a diretora de eventos da Annabra, Rebeca Costa, conseguiu incluir a família.


No congresso, realizado em julho de 2022, Raquel conheceu Kênia Rio, presidente da ANNABRA - Associação Nanismo Brasil, que encaminhou o caso ao Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Isaac finalmente realizou o exame genético e recebeu a confirmação da acondroplasia. Desde então, segue em acompanhamento com geneticista e endocrinologista, e iniciou o uso do Voxzogo, medicamento aprovado para auxiliar no crescimento e em aspectos funcionais da condição. “A melhora no sono foi impressionante. Ele acordava muitas vezes por dificuldade respiratória. Hoje dorme bem, sem roncos, e não sente mais dor”, descreve Raquel.


Encontro que ressignifica: encontro com o atleta Rafael Vitorino trouxe impulso para a pratica esportiva


A aproximação com o esporte aconteceu logo após o congresso, em um encontro no Aterro do Flamengo. Lá, Isaac conheceu Rafael Vitorino, que o convidou para treinar badminton no PESC (Parque Esportivo e Social do Caramujo), em Niterói. Raquel admite que o medo do preconceito quase a impediu de levá-lo, mas percebeu que a superproteção também limita experiências importantes. Isaac chegou animado — e não saiu mais das quadras.


Desde então, acumulou conquistas expressivas: foi destaque no Intercolegial, teve participações em campeonatos estaduais e nacionais e duas edições das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, onde conquistou medalha de prata. Ao todo, já são 16 medalhas. “Nunca forçamos nada. Sempre dissemos que a vontade é dele. Entramos no esporte sem intenção de competir e hoje vemos o quanto ele evoluiu”, conta a mãe.


O impacto do esporte vai além do desempenho. Isaac passou a ocupar novos espaços sociais, fortalecendo autoestima e autonomia. Em uma palestra, uma criança pediu um autógrafo ao atleta. “Ele olhou para mim e perguntou: ‘Mãe, como faço isso?’”, lembra Raquel. “É muito bom vê-lo sendo reconhecido como pessoa, como atleta, não pela deficiência.”


Ainda assim, ela ressalta que o preconceito contra pessoas com nanismo é persistente, inclusive em ambientes paralímpicos. “O nanismo ainda sofre muito preconceito. A informação precisa chegar às pessoas.” Um dos aprendizados mais importantes da jornada foi o uso correto da linguagem. “Eu mesma não sabia que a palavra ‘anão’ não deve ser usada. Aprendi com o Isaac e com a comunidade. Hoje faço questão de orientar quando posso”, explicou.


Raquel finaliza deixando um recado para outras famílias de crianças com deficiência: “Coloquem seus filhos no esporte. Seja qual for. O esporte transforma: fortalece o corpo, a mente, a autonomia, o pertencimento. A inclusão acontece quando eles se veem capazes — e quando a sociedade finalmente os enxerga”, enfatiza.


 
 
 

Comentários


©2022 por annabra. Criado por VélvitDesign

bottom of page