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Falta de incentivo federal e preconceito, os desafios do atleta paralímpico no Brasil

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Matheus PG é destaque no futsal para nanismo e já defendeu a seleção brasileira



Em 2022, o Brasil participou da Copa América de Futsal de Nanismo, realizada em Lima, no Peru. Essa foi a segunda edição da competição para pessoas com nanismo. O Brasil conquistou o quinto lugar. Na primeira edição, em 2018, realizada na Argentina, o Brasil ficou na terceira posição.

No time de 2022 estava Matheus Pereira Gomes, conhecido como Matheus PG, 26 anos, nascido e criado em Teresina, capital do Piauí. Apaixonado por futebol desde criança, ele teve que lutar muito para conseguir os recursos necessários para participar da seleção brasileira.

Nessa entrevista, ele conta um pouco da sua experiência no futsal para nanismo e os desafios de ser um atleta paralímpico no Brasil.


Annabra - Desde de criança você gosta de futebol?

Matheus - Desde criança sou apaixonado por futebol devida à influência do meu pai, tios e primos. Desde criança acompanho e sou torcedor do Ceará e do River – Piauí. Meu pai, por ser cearense e amante do futebol, me mostrava vídeos, jogos memoráveis de clubes e da seleção brasileira, e quando vou para cidade onde ele nasceu, no sertão do Ceará, as pessoas contam histórias de como o meu pai jogava pelo time da cidade e da região. Além dele, tem meu tio Ediberto, goleiro de futebol amador no Ceará e no Piauí, com quem fui assistir a várias partidas. Com isso, cresci amando e querendo viver do futebol, principalmente quando vou a estádio acompanhar meu time do coração.


Annabra - Como você descobriu o futsal para nanismo?

Matheus - Estava jogando pela faculdade nos jogos universitários. O fisioterapeuta do time de Badminton me viu jogando e me contou sobre os esportes paralímpicos e que estava sendo formado um time brasileiro de futsal de nanismo. Pesquisando na internet, eu encontrei a seleção Brasa (seleção brasileira) e consegui entrar para o grupo em 2019.


Annabra - Você se profissionalizou?

Matheus - Infelizmente não há profissionalização no momento para quem joga futsal para nanismo.  Por exemplo, para disputar as competições e treinos cada atleta teve que se virar, fazer rifas para poder realizar o sonho de defender o seu País


Annabra - De que competições você já participou?

Matheus - Pela seleção brasileira e participei da Copa América em 2022, no Peru. Mas junto com Vinicius Rocha (o Capita) do Rio de Janeiro e o Giovanni, do Rio Grande do Sul, ambos com nanismo, participamos do 1º Quadrangular de Futebol de Nanismo, no  Rio Grande do Sul em 2023. E de jogos-eventos em São Paulo realizados junto com Bruno Montanheiro (também atleta com nanismo do atletismo).


Annabra - Como é representar o Brasil?

Matheus - A realização de um sonho, onde foi a maior da minha vida, vestir a camisa amarelinha e defender o meu País, algo indescritível e surreal.


Annabra - Sua família apoia?

Matheus - Minha família é o meu principal alicerce para a realização disso tudo. A minha mãe, meu irmão e meu pai são os construtores desse menino sonhador, sempre estiveram comigo em todos os momentos me apoiando, além dos meus avós, tios e primos.

Annabra - Quem tem nanismo é vítima de preconceito no esporte?


Matheus - Sim, tanto no esporte como no cotidiano. No esporte, algumas pessoas veem como algo engraçado, enquanto você está realizando o seu sonho. Mas, a maioria apoia e admira o trabalho. O preconceito há também na exclusão quando você é o último a ser escolhido ou sempre colocado de lado daquele grupo inicial. Então quando há a chance de mostrar o seu talento no esporte, nós temos que fazer dobrado para ter aceitação daquele grupo ou pessoa.


Annabra - Faltam políticas públicas?

Matheus - Sim! O governo deveria ser o maior incentivador, mas não há isso ainda. Muitos de nós têm que se virar de mil maneiras para poder realizar o sonho devido a falta de incentivo, dificultando assim uma maior integração entre pessoas e formação de atletas de nanismo.


Annabra - Além de jogar futebol, qual sua profissão?

Matheus - Estou finalizando meu curso de direito. Já trabalhei de 2022 a 2024 como Social Mídia, no maior time de fut7 do Brasil-Mundo, o Resenha, onde fomos campeões nacionais, continentais e internacionais. Hoje trabalho com minha rede social mostrando a vida de uma pessoa com nanismo e um cara apaixonado por futebol. (Siga no instagram: @ matheus__pg).


Futsal de Nanismo

Diferente da modalidade original, o Futsal de Nanismo conta com seis atletas de linha e um goleiro em cada time. O gol é um pouco mais baixo, medindo 1,70m de altura por 3 metros de largura, (no futsal, a largura é igual, mas a altura é de 2 metros).

A duração da partida é de 20 minutos corridos, mas os dois últimos são cronometrados. Segundo a Federação Internacional, os jogadores não podem tocar a bola com a cabeça, e carrinhos não são permitidos.

No futsal tradicional, são quatro jogadores na linha e um no gol. Para o nanismo são seis atletas de linha e um goleiro.

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