A criadora de conteúdo fala de moda e nanismo nas redes sociais
A gaúcha Francielle Borges, 25 anos, nascida na capital Porto Alegre, nunca deixou que o preconceito por sua baixa estatura impedisse a busca por seus projetos de vida. Ela nasceu com um tipo raro de nanismo, com hidrocefalia e com apenas um rim funcionando. Mas, essa condição não afetou em nada seu interesse por moda e sua vontade de se especializar na área. Hoje ela é produtora de conteúdo na internet e tem mais de 32 mil seguidores no Instagram.
Confira a entrevista que ela concedeu ao portal da ANNABRA.
ANNABRA - Você nasceu com um tipo de nanismo mais raro. Quais as complicações para uma criança com essa condição?
Fran - No meu caso, eu nasci com hidrocefalia, com meu rim esquerdo sem função e com uma má formação na coluna. O meu tipo de nanismo não se enquadrou em nenhum dos tipos já conhecidos.
ANNABRA - Como foi sua convivência na escola? Quais as dificuldades que você enfrentou?
Fran - A minha convivência na escola foi muito boa, tive sorte de estudar em uma escola, que desde o primeiro dia me forneceu as adaptações que eram necessárias e, de ser muito bem recebida pelos meus colegas e professores. As dificuldades que eu encontrava era não conseguir escrever tão rápido quanto meus colegas, ás vezes não conseguir carregar meus materiais, mas sempre que eu precisava meus colegas me ajudavam.
ANNABRA - Desde criança você se interessava por moda ?
Fran - Sim, sempre fui muito vaidosa e adorava me arrumar, até mesmo para ir ao hospital, estava sempre com uma bolsinha, um óculos escuros, um chapéu...
ANNABRA - Quando você começou a levar sua experiência para as redes sociais?
Fran - Durante a pandemia comecei a gravar vídeos de maquiagem e moda, e com o tempo comecei a falar sobre o nanismo também, foi bem natural.
ANNABRA - Você pretende fazer uma carreira na área de moda ?
Fran - Tenho muita vontade de fazer cursos na área, mas, por enquanto, não tenho condições, quem sabe no futuro.
ANNABRA - As confecções estão preparadas para atender crianças e adultos com nanismo?
Fran - Definitivamente não. São raras as vezes em que eu consigo usar uma roupa que se adeque ao meu tamanho e idade, sem que eu tenha que fazer adaptações.
ANNABRA - O preconceito e a falta de conhecimento sobre essa deficiência atrapalham o dia a dia ?
Fran - Sim, principalmente em relação a falta de acessibilidade. É muito ruim não conseguir alcançar em um botão de elevador, em uma pia para lavar as mãos, em balcões muito altos. Enfim, a maioria dos lugares não está preparado para receber pessoas com nanismo.
Já melhoramos muito se compararmos a anos atrás, mas ainda há muito a ser melhorado. Na universidade onde eu estudo, por exemplo, que é considerada a melhor universidade federal do país, somente depois de 6 anos estudando lá, eles fizeram uma pia mais baixa no banheiro para que eu conseguisse lavar as mãos e uma cadeira adaptada para o meu biotipo.
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Reportagem: Andréa Moroni
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